quarta-feira, 23 de julho de 2008

Mahalapye

Mahalapye era uma vila de cabanas dispersas feitas de tijolos castanhos de lama seca ao sol e alguns edifícios com telhado de zinco. Estes pertenciam ao Governo ou aos Caminhos-de-Ferro e, para nós, representavam um luxo distante e inatingível. Havia uma escola gerida por um velho pastor anglicano e uma mulher branca com o rosto meio arruinado pelo sol. Ambos falavam setswana, o que era invulgar, mas ensinavam-nos em inglês, insistindo, sob pena de chicotadas, que deixássemos a nossa própria língua lá fora no recreio.
Do outro lado da estrada começava a planície que se estendia até ao Calahari. Era uma região incaracterística, juncada de acácias baixas em cujos ramos se empoleiravam os calaus e os irrequietos molopes com as suas longas penas da cauda a arrastar. Era um mundo que parecia não ter fim, e isso, penso eu, era o que tornava a África tão diferente nesses tempos. Não tinha fim. Um homem podia caminhar, ou cavalgar, eternamente, e nunca chegar a lado nenhum.

A Agência Nº1 de Mulheres Detectives
Alexander McCall Smith
A Ler por aí... no Botuana

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