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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Funchal I

A campainha pareceu ecoar longamente, desdobrando sons no interior de um vasto espaço vazio. No passeio, aguardando que lhe abrissem a grande porta pintada de verde-escuro, Carlota reviu, de súbito, trazida milagrosamente pelas memórias da infância, a imagem de um austero pátio empredado a preto e branco, de tecto em abóbada, paredes altas e um óculo rasgado, ao fundo, por onde jorrava o sol e se avistavam copas largas de árvores.
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E foi mirando em volta e reencontrando os canapés de vinhático e palhinha, juncados de almofadas, as cantoneiras pejadas de pequenas peças de Sèvres e Dresden, as amplas cadeiras de braços, as avencas luxuriantes em vasos de porcelana e, até o espelho, um espelho enorme, de exuberante moldura dourada, que tanto a deslumbrara no passado.

Ler por aí... em Janeiro 2011
Ilhas Contadas [O Rapto Segundo Teodora]
Helena Marques

Horta

A cidade acolhe-se ao seu habitual tecto de nuvens, de onde brota uma poalha húmida que não chega a ser chuva, mas deixa gotículas brilhantes sobre os cabelos, as roupas, as plantas, os automóveis. Como fez ontem e repetirá amanhã, Lúcia dirige-se a casa da tia Maria da Luz para acompanhá-la até à hora do jantar.
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Os livros constituem o departamento de Lúcia, é ela quem lê para a tia, sobretudo quem relê, já que Maria da Luz prefere reler os livros que amou toda a vida, livros que ambas conhecem quase de cor, mas em que sempre acabam por fazer pequenas, preciosas descobertas.
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«Quer que leia, tia?»
Maria da Luz sorri e faz um aceno de concordância.
Lúcia abre Mau Tempo no Canal, na página assinalada pelo marcador. Muitos anos antes, a tia havia-lhe falado da incomodidade e da ofendida reprovação com que fora recebido, nalguns sectores da vida faialense, o livro de Vitorino Nemésio.

Ler por aí... em Janeiro 2011
Ilhas Contadas [Os Despojos]
Helena Marques

Foto retirada do site Mapa de Portugal

Iona

Camila e eu gostamos de vaguear pelos claustros, cada um sentindo a insubstituível companhia do outro e saboreando juntos cada momento vivido nesta ilha, em cuja sedução se funde a prodigiosa história de fé cumprida pela vontade do homem que elegeu Iona, minúsculo ponto nos mapas, para base de lançamento da desmedida grandeza do seu sonho.
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A medida do tempo em Iona deixa-nos perplexos. As horas parecem lentas e generosas, distendidas, mas afinal, quando um inesperado desejo nos compele a consultar a agenda, verificamos que já passaram demasiados dias dos sete de que dispunhamos.

Ler por aí... em Janeiro 2011
Ilhas Contadas [Regresso a Iona]
Helena Marques

Foto retirada do site Staffhouse

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ler por aí... em Janeiro: Ilhas Contadas, de Helena Marques

Ler por aí... numa ilha


Em Ilhas Contadas contamos dez ilhas, em dez contos. Dez contos sim, dez ilhas não. Oito ilhas, uma vez que a Ilha da Madeira, e o Funchal, são cenário de três destas histórias. Helena Marques não nasceu no Funchal, mas ali viveu toda a infância e juventude.