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segunda-feira, 6 de julho de 2009

Café da Internet sem Internet

Uma borboleta, azul-pólvora, brilhou por instantes no gargalo da sua garrafa, no tampo da mesa, nas costas de uma cadeira, cintilando e girando como uma heroína a fazer uma fuga elaborada. Teresa viu-a mergulhar e bater as asas pela sala for a até ao bar onde se desviou da fila de velhas costas curvadas e pescoços barbeados e caiu de repente no chão.
"Escuta", disse-lhe Teresa em silêncio, "eu sei o que tu sentes".
O café estava aberto há três horas e já parecia que ali estava desde sempre. Apesar de a porta e a única janela se manterem abertas, o ar estava pesado como pomada e infestado de peixe. As paredes eram de um belo tom de verde mas nelas estava pendurado o calendário do ano passado e um estúpido quadro de uma tourada. Era um café da Internet sem Internet e ninguém esperava mais do que isso. As pessoas ocupavam os seus lugares, os velhos no bar, os mais novos nas mesas, como se nenhum outro rumo fosse possível e esta noção, esta inevitabilidade pesada, pesasse sobre ela e a fizesse bocejar.

Alentejo Blue
Monica Ali
A Ler por aí... no Litoral Alentejano