quarta-feira, 25 de julho de 2012

Escola de esqui


Alice Della Rocca odiava a escola de esqui. Odiava despertar às sete e meia da manhã também nas férias de Natal e odiava o pai que a fitava ao pequeno-almoço enquanto por baixo da mesa fazia dançar a perna nervosamente, como que a dizer despacha-te. Odiava as meias-calças de lã que lhe picavam as pernas, as luvas que não lhe deixavam mexer os dedos, o capacete que lhe esmagava as faces e premia com o ferro no queixo e, depois, aquelas botas, sempre demasiado apertadas, que a faziam caminhar como um gorila.
 - Então, bebes o leite ou não? – insistiu, de novo, o pai.
Alice emborcou três dedos de leite a ferver, que lhe queimou primeiro a língua, depois o esófago e o estômago.
 - Muito bem. Hoje vais mostrar quem és – disse-lhe.
E eu sou quem, pensou ela.

Ler por aí... em Julho 2012

Números primos


O que caracteriza os números primos é serem apenas divisíveis por si próprios e pela unidade. Um número primo não tem divisores, vale por si. Nenhum outro faz parte da sua composição.

Alice e Mattia são dois números primos, sem divisores em comum. Caminham na vida, cada um por si. Os seus caminhos cruzam-se a dado momento, e prosseguem cada um no seu trajecto independente, para se voltarem a cruzar mais à frente, e regressarem de novo à sua caminhada solitária e divergente.
Os números primos são números naturais.

Ler por aí... em Julho 2012

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Ler por aí... na Suécia: O Gato de Uppsala, de Cristina Carvalho

Os animais têm faculdades ainda inexplicáveis pela racionalidade. Os gatos, em particular, são seres misteriosos, que desde os tempos mais antigos estão associados a superstições e rituais sagrados. Este gato percebeu (na falta de melhor palavra) que os donos não podiam embarcar no grande navio Vasa. Não se sabe com que sentido o percebeu. Mas conseguiu salvá-los do naufrágio.
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quarta-feira, 21 de março de 2012

Navio de guerra













A decoração de armas e artefactos destinados à guerra confere à guerra um carácter mágico. Ritualiza o acto de matar.

Em certo momento da história, isto desaparece. Não sou antropóloga, por isso não sei a razão. Mas gostava de saber.

Ler por aí... em Março 2012

terça-feira, 20 de março de 2012

Cidades em movimento

Kiruna, uma cidade a ser transferida para outro local.
Uppsala, uma cidade que na idade média foi transferida para outro local.

Ler por aí... em Março 2012

O Vasa Museum, em Estocolmo, na Suécia

Vasa Museum fica em Estocolmo, e expõe o navio recuperado do fundo do mar, e muitos dos objectos que nele viajavam.

Pequeno animal

"Apresento-me: sou um pequeno animal que acabou de fazer uma longa viagem. Apareci aqui nesta cidade de Estocolmo acabado de chegar duma terra ainda mais ao Norte. Vim de Uppsala. Cheguei dentro dum cesto de vime transportado aos ombros do meu dono, alfaiate e tecelão, o senhor  Elvis, que me trouxe com ele. Com ele veio também a sua mulher Agnetta, porque ele, depois de ter pensado muito bem na sua vida, chegou à conclusão de que não seria capaz de viver sem nós, sem mim e sem ela, o que eu, pequeno animal, achei muito provável e natural."

Ler por aí... em Março 2012

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Intercâmbio

"Ao raiar da aurora, ensinei a Phanishwar as orações judias da manhã, e ele mostrou-me como começar o dia com os jainas. Começou por entoar a palavra nisibi, que queria dizer "abandono", disse, e que significava o entrarmos num espaço sagrado. Depois, fez-me rodar três vezes em torno do centro da cela, onde deveria estar a imagem em talha de Parsva a subir para o céu por uma serpente enrolada, se não lhe tivesse sido confiscada pelos soldados portugueses. Espargimos ambos água sobre o santo invisível. E então era chegada a altura de lhe oferecer arroz, doces e fruta.
 - Ai, e agora, que havemos de fazer? - gemeu Phanishwar. - Fico tão confuso aqui dentro que não me lembrei de guardar nada do meu jantar para ele."

Ler por aí... em Fevereiro 2012

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

De que é feita a memória?

" - De que pensas tu que é feita a memória? - perguntou o meu pai.
Vendo-lhe a húmida ternura no olhar baixo e a mão a tremer no meu ombro, percebi que a minha mãe lhe estava a acariciar os pensamentos. Já fora enterrada há mais de dois anos, e fazer ele esta pergunta tão adulta a um rapaz de sete anos dava bem a dimensão da dor que continuava a sentir.
 - Não sei, papá - respondi encolhendo os ombros, já que era demasiado novo para achar que me valia a pena arriscar uma conjectura. Mas, quando ele retirou a mão, o medo adejou as asas aos meus ouvidos. - Talvez seja feita de tudo o que já vi - apressei-me a acrescentar (...)"

Ler por aí... em Fevereiro 2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O mapa de Londres segundo Charles Dickens

Por aí... a merecer destaque:
No 200º aniversário de Charles Dickens, o The Guardian lança um tour que percorre os lugares dos livros do autor. O podcast pode ser descarregado para o telemóvel ou mp3, e usado como audio-guia, juntamente com um mapa, que também pode descarregar ou imprimir.

26 de Janeiro: ga[LER]ia: As Cidadãs, de Filomena Marona Beja

ga[LER]ia - Comunidade de Leituras
Um fim de tarde de leitura em comunidade, a propósito da Sugestão do mês.
Conversa e leituras do livro As Cidadãs, de Filomena Marona Beja, um livro que conta a história de Júlia, uma mulher da primeira república, envolvida na instrução de crianças e adultos da classe operária da zona oriental de Lisboa.














A GA[LER]!A será realizada mensalmente.
As sessões terão lugar às 18:30 no Espaço Bento Martins (edificio da Junta de Freguesia de Carnide, junto ao Centro Comercial Colombo), no Largo das Pimenteiras 6.

Entrada livre. Para participar, só tem de trazer um livro para trocar.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sugestão de Janeiro 2012: As Cidadãs, de Filomena Marona Beja

Ler por aí... na Graça, Lisboa.


Júlia foi uma mulher da primeira república. Não somos informados de onde nasceu, apenas que foi em Lisboa. Reconhecemos, nascidos no mesmo ano que Júlia (que pertenceu à maioria que foi esquecida), quatro figuras que ficaram lembradas: D. Manuel II, António de Oliveira Salazar, o Cardeal Cerejeira, e Fernando Pessoa. Ao longo da narrativa, vão-nos sendo dadas notas do percurso destas figuras, sempre que o de Júlia neles tropeça.