terça-feira, 31 de janeiro de 2012

De que é feita a memória?

" - De que pensas tu que é feita a memória? - perguntou o meu pai.
Vendo-lhe a húmida ternura no olhar baixo e a mão a tremer no meu ombro, percebi que a minha mãe lhe estava a acariciar os pensamentos. Já fora enterrada há mais de dois anos, e fazer ele esta pergunta tão adulta a um rapaz de sete anos dava bem a dimensão da dor que continuava a sentir.
 - Não sei, papá - respondi encolhendo os ombros, já que era demasiado novo para achar que me valia a pena arriscar uma conjectura. Mas, quando ele retirou a mão, o medo adejou as asas aos meus ouvidos. - Talvez seja feita de tudo o que já vi - apressei-me a acrescentar (...)"

Ler por aí... em Fevereiro 2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O mapa de Londres segundo Charles Dickens

Por aí... a merecer destaque:
No 200º aniversário de Charles Dickens, o The Guardian lança um tour que percorre os lugares dos livros do autor. O podcast pode ser descarregado para o telemóvel ou mp3, e usado como audio-guia, juntamente com um mapa, que também pode descarregar ou imprimir.

26 de Janeiro: ga[LER]ia: As Cidadãs, de Filomena Marona Beja

ga[LER]ia - Comunidade de Leituras
Um fim de tarde de leitura em comunidade, a propósito da Sugestão do mês.
Conversa e leituras do livro As Cidadãs, de Filomena Marona Beja, um livro que conta a história de Júlia, uma mulher da primeira república, envolvida na instrução de crianças e adultos da classe operária da zona oriental de Lisboa.














A GA[LER]!A será realizada mensalmente.
As sessões terão lugar às 18:30 no Espaço Bento Martins (edificio da Junta de Freguesia de Carnide, junto ao Centro Comercial Colombo), no Largo das Pimenteiras 6.

Entrada livre. Para participar, só tem de trazer um livro para trocar.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sugestão de Janeiro 2012: As Cidadãs, de Filomena Marona Beja

Ler por aí... na Graça, Lisboa.


Júlia foi uma mulher da primeira república. Não somos informados de onde nasceu, apenas que foi em Lisboa. Reconhecemos, nascidos no mesmo ano que Júlia (que pertenceu à maioria que foi esquecida), quatro figuras que ficaram lembradas: D. Manuel II, António de Oliveira Salazar, o Cardeal Cerejeira, e Fernando Pessoa. Ao longo da narrativa, vão-nos sendo dadas notas do percurso destas figuras, sempre que o de Júlia neles tropeça.


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Casas antigas

"Júlia criou-se numa casa espaçosa, de rés-do-chão e primeiro andar. Além de quartos, salas e cozinha, tinha quintal. E recantos que hoje ninguem lembra: o esconso dos baús, a carvoeira, o poial dos potes. Varandas para namorar. Sótão para as conspirações.
Houve casas assim, ao longo das ruas de Lisboa.
Acomodavam famílias de posses médias. Como a de Júlia."

Ler por aí... em Janeiro 2012

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sugestão de Abril 2011: Venenos de Deus, Remédios do Diabo, de Mia Couto.

Ler por aí... em Pemba, Moçambique.


Baseando-se em apenas uma referência espacial concreta, pode especular-se que esta história se passa numa aldeia - Vila Cacimba, aldeia imaginária - perto de Pemba (antiga) Porto Amélia, na costa Norte de Moçambique. É em Porto Amélia que o negro Bartolomeu Sozinho afirma, com orgulho, ter ingressado ao serviço da Companhia Colonial de Navegação.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Ler por aí...Gabriel García Márquez

Quem viajar para a Colômbia pode seguir a rota garciamarquiana, através do guia Las rutas de García Márquez, em Cartagena (Librería Nacional ou Librería Ábaco) ou em Barranquilla (Librería Nacional). Este guia é o resultado de duas escolas de Verão na Universidade Tecnológica de Bolívar.


terça-feira, 15 de março de 2011

Terreiros

"Em Vila Cacimba toda a via pública é privada, espaço de intimidades expostas, as moças trançando cabelos, as milheres cozinhando, meninos defecando. Aqui e além, homens varrem os quintais com vassouras feitas de folhas de palmeira. Por que é que aqui, no meio de tão vastas poeiras indígenas, se varrem tanto os terreiros?O português não sabe a resposta. Em Cacimba, o quintal não é fora: é um assoalhado, uma parte da casa. Nem o médico suspeita o quanto ele está pisando em territórios sagrados, devassando intimidades familiares."

Ler por aí... em Março 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

Ler por aí... no Cáucaso, com o Senhor Calouste Gulbenkian

Até 3 de Abril, pode visitar-se, na sala de exposições temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, a exposição de fotografia Caucase - Souvenirs de Voyage, de Pauliana Valente Pimentel e Sandra Rocha. Esta exposição apresenta os registos da viagem que as duas fotógrafas realizaram, seguindo o trajecto que o empresário realizou em 1891, e que documenta em La Transcaucasie et la Péninsule d'Apchéron - Souvenirs de Voyage, obra que foi apresentada aquando da inauguração da exposição, em 27 de Janeiro. As fotografias expostas estão também reunidas em livro, publicadas pelo Museu Gulbenkian.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Próximo sábado: Hora do Conto na Tapada de Mafra

Tragam os vossos filhos, sobrinhos, filhos dos amigos e dos vizinhos, para ouvir contar esta história ternurenta, com um ouriço e um coelho que não sabem em que dia fazem anos - mas isso não interessa.

25-02-2011, às 11:00
Ler por aí... na floresta.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ler por aí... na Ásia - Conferências no Museu do Oriente

Ao longo de 2011, o Museu do Oriente, em colaboração com o Instituto de Estudos Orientais da Universidade Católica, propõe-nos A Ásia em Livros, uma série de conferências sobre livros incontornáveis de diversos especialistas em estudos asiáticos. No Centro de Documentação António Alçada Baptista, Fundação Oriente.




terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Funchal I

A campainha pareceu ecoar longamente, desdobrando sons no interior de um vasto espaço vazio. No passeio, aguardando que lhe abrissem a grande porta pintada de verde-escuro, Carlota reviu, de súbito, trazida milagrosamente pelas memórias da infância, a imagem de um austero pátio empredado a preto e branco, de tecto em abóbada, paredes altas e um óculo rasgado, ao fundo, por onde jorrava o sol e se avistavam copas largas de árvores.
...
E foi mirando em volta e reencontrando os canapés de vinhático e palhinha, juncados de almofadas, as cantoneiras pejadas de pequenas peças de Sèvres e Dresden, as amplas cadeiras de braços, as avencas luxuriantes em vasos de porcelana e, até o espelho, um espelho enorme, de exuberante moldura dourada, que tanto a deslumbrara no passado.

Ler por aí... em Janeiro 2011
Ilhas Contadas [O Rapto Segundo Teodora]
Helena Marques