quinta-feira, 11 de julho de 2013

Laguna

"Durante a visita turística à laguna pode-se nadar ao lado de tartarugas marinhas, raias e tubarões em cativeiro no interior de uma reserva natural marinha."
Haviam-se inscrito nesta visita muitos turistas provenientes de todos os hotéis de Bora Bora: eu, porém, era a única que ia sozinha. Por mais que olhasse em meu redor, os outros eram todos franceses e italianos reunidos em pequenas comitivas formadas nos respectivos hotéis. Japoneses nem um. A coisa não me preocupava por aí além, todavia - pequena de estatura como sou - o fact de estar na fila no meio daquela confusão fazia-me sentir um pouco deslocada. Depois de todos terem sido distribuídos pelos vários grupos, chegou finalmente a minha vez.

Ler por aí... em Julho 2013

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Ler por aí... ao ouvido: rescaldo do baile de slows

Duas cadeiras vermelhas, colocadas lado a lado mas viradas uma para a outra, como as  antigas conversadeiras. Uma mesa ao lado, com vários livros, marcados com post-its coloridos.

As cadeiras estão colocadas no quintal de um lavadouro público, onde ainda se lava e estende roupa, e se conversa. Lavam-se e estendem-se intimidades.

Dou início às minhas manobras de sedução com um senhor de bastante idade. Convido-o a ocupar a cadeira junto à mesa, e sento-me na outra. Peço-lhe que se aproxime um pouco mais de mim. Quando os nossos corpos se tocam em vários pontos, vejo a sua expressão deliciada.

Peço-lhe que escolha um livro, e abro-o numa das páginas assinaladas. Enquanto lhe leio ao ouvido, percebo que fecha os olhos, e me toca no braço com uma das mãos. No fim, abre os olhos, a sorrir, e a sua mão mantém-se no meu braço. Trocamos mais algumas palavras, conta-me da sua paixão por bethoven e rachmaninov, enquanto aguenta o seu olhar no meu e a sua mão no meu braço. A sedução foi mútua. Adorei estar com aquele senhor e partilhar com ele palavras de amor. Ele renasceu, voltou a ser sedutor, reviveu velhas sensações, que talvez não sentisse há anos.

A seguir aproxima-se uma mulher. Peço-lhe que escolha um livro e abro-o numa das páginas marcadas. Leio-lhe ao ouvido um pequeno texto. Com os olhos fechados, pede que continue, e acabo por lhe ler quatro textos. A seguir, começa a recitar um poema em inglês. É meu, diz ela. Fico maravilhada.

Vem um jovem adolescente à cadeira vermelha, e leio-lhe ao ouvido um texto ousado muito curto, que o deixa embaraçado.

Uma mulher senta-se a seguir na cadeira vermelha, mas numa posição diferente. Ela senta-se de lado, encostada ao espaldar da minha cadeira, e falo para o ouvido dela enquanto estamos ambas voltadas na mesma direcção. Percebo que há todo um kama sutra para os sussuros.

A alguns, convidei no quintal para virem comigo, para lhes dizer "umas coisas" ao ouvido, e pedia-lhes que me seguissem até às cadeiras vermelhas. Outros aproximaram-se de mim no quintal, e perguntaram-me ao ouvido se lhes queria sussurrar.

A alguns, li textos escolhidos pelo acaso, a outros, textos escolhidos por mim, especialmente para a pessoa que tinha perante mim. Li confissões de amores para ser, lembranças de amores antigos, li dores de amores perdidos, e convites, vários convites que fazem sonhar.

Senti o outro muito próximo, senti o toque e o calor.  Criei intimidade, fiz sonhar, dei e recebi. Com cada um dos meus pares, criei um momento e uma intimidade diferente, em que cada um de nós se sentiu único e especial.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Antonio Tabucchi explica Requiem

(...) preferi tocar a minha música não num órgão, que é um instrumento próprio das catedrais, ma numa gaita de beiços, que se pode levar no bolso, ou num realejo, que se pode levar pelas ruas.

Para Ler por aí... em Lisboa


Antonio Tabucchi explica Requiem

(...) uma história como esta só poderia ter sido escrita em português, e pronto. (...) percebi que não poderia escrever um Requiem na minha língua e que precisava de uma língua diferente, uma língua que fosse um lugar de afecto e de reflexão.

Para Ler por aí... em Lisboa


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Os próximos meses no Ler por aí...


16 de Maio, 21:30 GA[LER]!A
Uma atividade ao fim do dia no Teatro Café - o bar do Teatro de Carnide. Conversa, leituras e livros para a troca com O Papagaio de Flaubert, de Julian Barnes, para Ler por aí... em Rouen, França.

23 de Maio, 18:30 Fim de Tarde RE-EDIÇÃO
O Leopardo em ambiente palaciano, com leitura do livro de Lampedusa, e visionamento do filme de Visconti.

5 de Junho, 18:00 GA[LER]!A
Uma edição especial da ga[ler]ia, na Feira do Livro de Lisboa. Como é habitual, uma sessão de conversa, leituras e livros para a troca, desta vez com Malcom LawryAtravés do Canal do Panamá. Haverão descontos na feira para os participantes.

15 de Junho, 15:00 Percurso Literário NOVA DATA
Seguir Júlia, personagem da Lisboa Republicana criada por Filomena Marona Beja, em As Cidadãsentre a Graça e o Beato.

21 de Junho, 22:00 Percurso Noctívago-Literário
Os lugares e as confissões de Nuno Bragança, lendo A Noite e o Riso por Lisboa, ao luar.

29 de Junho, 13 e 27 de Julho, 15:00 Percursos Literários NOVAS DATAS
Um ciclo de percursos literários dedicado ao Aqueduto das Águas Livres, com as obras Nove Mil Passos de Pedro de Almeida VieiraDeixem Passar o Homem Invisível de Rui Cardoso Martins e, para as crianças, Uma Aventura em Lisboa, de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães.

4 de Julho, 18:30 Degustação 
Em vários lugares do planeta os vulcões criam condições para o desenvolvimento de extraordinários vinhos. Conhecer os vinhos vulcânicos, aprender a provar, partilhar memórias e sensações geradas pelo estímulo da prova.

11 de Julho, 18:30 GA[LER]!A
Uma sessão de conversa, leituras e livros para a troca, desta vez com Arco-Írisnarrativa passadaentre Tóquio e o Hawaii de Banana Yashimoto. No Espaço Bento Martins.

19 de Julho, 20:30 Jantar
Uma Noite de Bloggers será ponto de encontro de bloggers literários e dos seus seguidores.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ler por aí... em Fevereiro 2013

"O vento, que é um pincha-no-crivo devasso e curioso, penetrou na camarata, bufou, deu um abanão. O estarim parecia deserto. Não senhor, alguem dormia meio encurvado, cabeça para fora no seu decúbito, que se agitou molemente. Volveu a soprar. Buliu-lhe a veste, deu mesmo um estalido em sua tela semi-rígida e imobilizou-se. Outro sopro. Desta vez, o pinhão, como um pretinho da Guiné de tanga a esvoaçar, liberou-se da cela e pulou no espaço. Que pára-quedista!"

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Ler por aí... em Janeiro 2013:


O espaço de Patriotas é Angola em guerra com ela própria. Após a descolonização, facções opostas - MPLA e UNITA - lutam pelo poder e espalham morte e destruição pelo território que ambas dizem amar.

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O tempo ao contrário

"(...) e um relógio-surpresa com a numeração invertida. Sentou-se. Ninguem além dela e do empregado. E o relógio. O relógio era uma perversidade, Alexandra não tirava os olhos dele. A hora 12 ao alto, como em todos os outros, mas a seguir, no lugar do 1, a 11ª hora, e sempre a avançar (ou antes, a descer) a10ª, a 9ª, a 8ª, o tempo invertido. Porquê aquele capricho? Alexandra pensou num relógio reflectido, um relógio ao espelho."

Ler por aí... em Dezembro 2012

domingo, 2 de dezembro de 2012

3 coisas

A cama de Alexandra Alpha tem “as três coisas melhores que há no mundo (...) o whisky antes e o cigarro depois.” 

Ler por aí... em Dezembro 2012

sábado, 1 de dezembro de 2012

Papéis de Alexandra Alpha

"Alexandra Alpha faleceu a 14 de Novembro de 1976. além duma comunicação sobre Identité Sociale et Marketing, publicada nas actas do II Simpósio Internacional de Publicidade, Lausanne, 1970, deixou um esboço de tradução do Journal of a Voyage to Lisbon, de Fielding, alguns breves apontamentos de leitura e várias notas pessoais gravadas em fita magnética. Desse conjunto, vulgarmente designado por "Papéis de Alexandra Alpha", que se encontra actualmente nos arquivos do 10º cartório notarial de Beja, transcreveu o autor algumas referências incluídas neste romance e disso deixa público reconhecimento al legal depositário.
JCP
Lisboa, fevereiro 1987"

domingo, 29 de julho de 2012

Torino cittá



Turim, na base dos Alpes e atravessada pelo rio Pó, é uma cidade dominada pela indústria automóvel. Com uma herança francesa, por via da Casa de Sabóia, em Turim começou o Risorgimento italiano, e foi a primeira capital da Itália unificada. Actualmente, tem a mais relevante universidade italiana e é um centro de criação artística e cultural contemporânea. Boa cidade também para evasões gastronómicas, fundem-se influências do sul e do norte na reconfortante cozinha piemontesa. Basta dizer que aqui nasceu o Movimento Slow Food.

Ler por aí... em Julho 2012